TERRA DA LÂ E DO XISTO
Retaxo e a aldeia literalmente contígua, Cebolais de Cima , foram um importante pólo nacional da Indústria de Lanifícios. Supôe-se que desde à muitos séculos os habitantes possuiam teares rudimentares feitos em madeira para tecerem roupa para consumo próprio. Mas só a partir do inicio do séc XX vai aparecer uma verdadeira indústria que vigorará durante muitas décadas, dando trabalho a muita população do concelho de Castelo Branco.
No entanto antes do final do século, a concorrência, inclusivé da China, com preços muito mais baixos, as novas máquinas, tecnologias e materiais, vai trazer paulatinamente o fecho de quase todas as fábricas. Hoje é impressionante - e uma dó - ver as dezenas de pavilhões abandonados por toda a freguesia : uma infinidade de espaços, perdidos, devolutos, provávelmente enredados em teias de dividas, penhoras.
O grande motel perto da aldeia Represa também votado ao abandono é a imagem desta 'decadência' e que me faz lembrar o também abandonado Muxito do meu querido pai .
Mas o Retaxo podia também ser uma aldeia de xisto, inclusivé fazer parte da famosa Rede das Aldeias do Xisto com a aparente vantagem da atracção de potenciais moradores e turistas. Mas não é, apesar de não ser inferior a algumas dessas aldeias. O xisto está por todo o lado e percebe-se fácilmente que antigamente todas as construções, desde habitações, poços, anexos, muros, etc eram feitas com este material, muitas vezes simplesmente empilhado sem nenhuma argamassa. É normal ver o afloramento destaa rochas nos caminhos e por exemplo a minha casa está em cima de uma gigantesca rocha.
A beleza proporcionada por esta rocha metamórfica no revestimento arquitetonico, para além da durabilidade e isolamento, é extraordinária e por isso não se percebe o que muitos habitantes fizeram : eliminaram ou esconderam o xisto, muitas vezes colocando argamassa por cima... Para mim, se tivesse possibilidade os meus interiores e exteriores estariam repletos a xisto.
Existem xistos azulados, esverdeados, etc , mas o que predomina aqui é um xisto 'mosqueado'. Não é a ardósia, aquele xisto azulado que as casas de materiais vendem, e que antigamente faziam os quadros negros que tinhamos na escola (lousa) e que é uma rocha que a partir da qual surge o nosso xisto no seu processo de metamorfose ao longo de milhões de anos. Também no concelho existe a construção com o granito , mas este apresenta uma maior incidência na região do Minho e Trás-Os-Montes, enquanto nas Beiras o xisto é o tipo de rocha que prevalece na construção.
Felizmente tenho verificado que ainda existe construções novas que recorrem a este material na nossa aldeia e com grande sucesso. Alias estas 'iniciativas' a meu ver deveriam ter incentivos da parte dos nossos orgãos autarquicos...
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